NOTA PUBLICA DE PESAR, REPÚDIO E SOLIDARIEDADE.
As organizações da sociedade civil, que esta assinam, vem, a público se manifestar nos seguintes termos:
1 – Na madrugada do dia 05 de janeiro de 2020, quatro pistoleiros fortemente armados, invadiram a residência de CELINO FERNANDES e WANDERSON DE JESUS RODRIGUES FERNANDES, pai e filho, respectivamente, moradores da comunidade Cedro, município de Arari e os executaram com vários disparos de arma de fogo nos seus rostos, sem oportunidade de qualquer defesa, fato presenciado pela esposa, filhos e netos;
2 – Os pistoleiros chegaram à comunidade e às residências dos camponeses dizendo serem da polícia e que estavam cumprindo ordem de prisão. Trajavam coletes da polícia civil, todos encapuzados, arrombaram as residências e assassinaram os lavradores;
3 – Os camponeses CELINO FERNANDES e WANDERSON DE JESUS RODRIGUES FERNANDES, no ano de 2019, juntamente com mais três camponeses, inclusive Adriana de Jesus Rodrigues Fernandes, filha de Celino, presidente da associação quilombola de Cedro, foram representados criminalmente pelo delegado de Arari Alcides Martins Nunes Neto, denunciado pela promotora Lícia Ramos Cavalcante Muniz, e aceita pelo juíz, Luiz Emilio Braúna Bittencurt Júnior, tendo a época ficado presos por mais de 70 (setenta) dias no Presidio Regional de Viana;
4 – Há muito tempo a comunidade Cedro, principalmente os lavradores assassinados, haviam denunciado aos órgãos do estado, Delegacia de Polícia, Ministério Público, ITERMA, INCRA, IBAMA, SEMA, SEDIHPOP, o conflito agrário envolvendo a comunidade e a família da desembargadora Ângela Salazar, que cercam os campos públicos para criação de gado bubalino, inclusive com cercas elétricas, local de onde os moradores retiram o sustento de seus familiares, por meio do pescado e da criação de animais;
5 – Essa política deliberada das autoridades de Arari de criminalizar as lideranças sociais, com representações criminais, inquéritos policiais, denúncias, decisões judiciais favoráveis ao latifúndio, tem servido apenas para deixar ainda mais vulneráveis as lideranças sociais, que legitimamente lutam pelos seus territórios;
6 – O governo Flávio Dino, tem as mãos sujas de sague dos povos da terra, camponeses, quilombolas e ribeirinhos que brutalmente são assassinados no Maranhão. Até agora, o governo nada fez para solucionar o conflito, muitos menos expulsou os grileiros de terras públicas da baixada ocidental maranhense;
7 – Não temos dúvidas que essa exposição das lideranças termina por chancelar e encorajar particulares e seus pistoleiros a fazerem a vingança com as próprias mãos, forma de criar uma cortina de fumaça sobre o verdadeiro conflito: a luta pela terra;
8 – Sabemos que o verdadeiro objetivo dessas mortes e ameaças é criar um clima de medo nas comunidades e suas lideranças a não continuarem a luta, esses matadores de aluguel apenas cumprem o restante do trabalho já iniciado pelas autoridades, de criminalização de lideranças, os pistoleiros se acham no direito de eliminá-los.
9 – Assim, EXIGIMOS dos órgãos públicos e do governo do estado do Maranhão a imediata elucidação desses bárbaros crimes, sejam os autores processados e ao final condenados às penas das leis brasileiras;
10 – Por fim, queremos manifestar nosso pesar a todos os familiares e a comunidade de Cedro por esta imensa dor que todos passam, bem como, manifestar nossa total solidariedade.
Arari, 05 de janeiro de 2020.
01- Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão
02- Associação Quilombola dos moradores do povoado Cedro
03- Associação de moradores do povoado Flexeiras
04- Associação Comunitária dos moradores de Santa Maria 1
05- Associação comunitária dos moradores da comunidade de Santa Maria 2
06- Associação dos Trabalhadores Rurais do Povoado Cheiroso
07- Associação dos Pequenos Produtores Rurais Quilombolas de Assutinga
08- Associação dos Produtores Rurais Quilombolas das Ilhas do Teso
09- Associação dos Pequenos Produtores Rurais Quilombola de Flexeiras
10- União dos Moradores da Comunidade de Flores
11- Associação Brasileira dos Advogados do Povo – ABRAPO
12- Animação dos Cristãos no Meio Rural – ACR/MA
13- Central Sindical e Popular – CSP Conlutas
14- Associação Quilombola dos moradores da Mata de São Benedito 3
15- Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Vargem Grande/MA – SINTRANSPEM/VG
16- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar de Vargem Grande
17- Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Cantanhede/MA – SINTASPUMC
18- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Cantanhede/MA
19- Associação Agroecológica Tijupá
20- Boscheto Luna de Gaia
21- Coletivo Andes Em Luta (CAEL) – MA
22- Coletivo Teatro da Sacola (DF-MA)
23- Conselho Indigenista Missionário – CIMI
24- Corrente Socialista dos Trabalhadores – CST (PSOL)
25- Fórum Maranhense de Mulheres
26- Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (GEDMMA/UFMA)
27- Marcha Mundial das Mulheres (MA)
28- Movimento em Defesa da Ilha
29- Movimento Hip Hop Militante Quilombo Urbano
30- Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB
31- Movimento Mulheres em Luta -MA
32- Movimento Pela Saúde dos Povos – MSP
39- Comissão Pastoral da Terra – CPT/MA
40- Cooperativa do Produtor Rural de Vargem Grande – COOPEVARG/MA
41- Conselho Regional de Psicologia – CRP/MA
42- APRUMA – Seção Sindical