O Governo do Maranhão, por intermédio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), fez a abertura da oficina do projeto “Rede de prevenção e cuidado integral de doenças de condições crônicas e infecções sexualmente transmissíveis”, nesta terça-feira (30), no Salão Paroquial da Igreja Imaculada Conceição, localizada no município de Pinheiro. 

O encontro acontece até quarta-feira (31) e conta com a participação de representantes das secretarias de saúde do Estado e do Município, bem como do Ministério da Saúde, Fiocruz Brasília e do Hospital Israelita Albert Einstein, além de profissionais de saúde, gestores e acadêmicos.


"O nosso propósito é fortalecer a rede de saúde, desde a orientação quanto ao cuidado que será dispensado, como também ao processo de educação permanente dos profissionais e do contato deles junto à população. Entendemos que ao capacitarmos as equipes, influenciamos na forma de acolhimento das pessoas e na promoção de um Sistema Único de Saúde mais humanizado, eficiente e resolutivo", disse o superintendente de Atenção Primária da SES, William Vieira.

O projeto é uma iniciativa nacional e está inserido no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADISUS, triênio 2021/2023), executado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, tendo como parceiros o Ministério da Saúde e a Fiocruz Brasília. 

A programação teve início na última segunda-feira (29), com visita técnica ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que é administrado pela gestão municipal de Pinheiro.

De acordo com a chefe do Departamento de Atenção às IST/AIDS e Hepatites Virais da SES, Jocélia Frazão de Matos, a estratégia é um projeto piloto que irá potencializar o Maranhão no cenário nacional. “A SES tem buscado trabalhar na promoção da prevenção em saúde junto às pessoas com mais vulnerabilidade e que precisam do apoio de serviços como os que são ofertados nos CTAs. Pinheiro, neste sentido, entra como plano piloto daquilo que em breve poderá ser disseminado para o restante do estado com presença de um Centro de Testagem”, observou.

No Maranhão, quatro CTAs foram selecionados, nos municípios de Açailândia, Bacabal, Timon e Pinheiro. A escolha pela unidade de Pinheiro se deu pelo alcance assistencial, atendendo ao todo 42 municípios da região, além da necessidade de reorganização visando o fortalecimento da educação permanente e a capacitação dos profissionais que nela atuam.

Para a médica da família e comunidade do Hospital Israelita Albert Einstein e consultora do Projeto, Denize Ornela, é fundamental que se olhe para os mais vulneráveis. "Quanto mais vulnerável, mais difícil é de se fazer o tratamento precoce, principalmente quanto a facilidade do acesso. Assim, nosso interesse é pegar o que o serviço já faz de melhor e aliar uma cartela de assistências que pode contribuir com prevenção e profilaxias, seja para tratar a doença como também evitar agravos e a transmissão para outras pessoas", explicou.


O projeto também prevê a realização de atividades de capacitação para os trabalhadores de saúde e gestores, na modalidade ensino à distância (EAD), com foco na melhoria do acesso e acolhimento das populações em situação de maior vulnerabilidade, tais como pessoas trans, juventude, profissionais do sexo, transvertes, gays, HSH, dentre outras. Segundo o projeto, espera-se contemplar as diferentes realidades, contextos locais e capacidades de resposta, considerando a articulação entre os serviços básicos e especializados. 

A enfermeira epidemiologista e consultora técnica do Ministério da Saúde, Aline Almeida, destacou que o projeto auxiliará nas ações de prevenção e controle no município e região. "Para além das infecções sexualmente transmissíveis, que historicamente são as que recebem atenção dos CTAs, também queremos incluir a tuberculose. Assim, o foco é ampliar os serviços de forma a captar aqueles que não acessam normalmente as unidades de saúde, seja por estigmas ou preconceitos, encontrando-os para oportunamente ofertar os atendimentos".


Presente na solenidade de abertura do encontro, o secretário municipal de Saúde de Pinheiro, Frederico Lobato, celebrou a implantação do projeto. "Ter a expertise de unidade como o Albert Einstein no nosso município é algo muito bem-vindo. Sem dúvida, a iniciativa resultará em diversos avanços não só para Pinheiro, mas para todas as demais cidades que fazem uso do nosso CTA", comentou.

Para o enfermeiro da Unidade Básica de Saúde no povoado Ave Maria, Tiago Ribeiro, o evento possibilitará o fortalecimento da atuação dos profissionais. "Esse conhecimento será essencial para a desconstrução de estigmas e estereótipos que são colocados, rompendo com julgamentos e barreiras. Por isso é muito importante que continuem esse processo de descentralização, já que serviços como este antes ficavam apenas na capital, mas agora estão sendo disponibilizados também no interior do estado", ponderou.


Estudante do nono período de Medicina na Universidade Federal do Maranhão (Ufma), do Campus de Pinheiro, Clara Lucena, disse que o interesse pela agenda surgiu do contato que teve durante o estágio na Unidade Básica de Saúde. "Devido ao estágio, a gente já tem esse contato com os pacientes e percebemos que é uma realidade prevalente e por isso sentimos a necessidade de saber como manejar e orientar essas pessoas", completou.

Também participaram da mesa de abertura da agenda a coordenadora do CTA/SAE, Karen Pinheiro; o gestor regional da Baixada, Jaderson Gusmão; o representante da Fiocruz Brasília, Estefano Codenotti; a coordenadora da Força Estadual de Saúde do Maranhão (FESMA), Adriana Mota; a representante do Conselho Municipal de Saúde de Pinheiro, Cris França, e o presidente da Câmara Municipal de Pinheiro, vereador Lucas do Beiradão.

A programação segue até quarta-feira (31), com a oficina e ao final os gestores assinarão pactos para as próximas etapas e a produção do Plano de Ação que deverá nortear os demais CTAs dos municípios maranhenses para uma proposta que garanta a integralidade deste serviço aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).