Marielle Franco. |
Planejamento
Segundo Ronnie Lessa, no segundo semestre de 2017 ele foi procurado por Edmilson Macalé, pessoa que lhe apresentou a proposta idealizada pelos Irmãos Brazão de matar a Vereadora do Município do Rio de Janeiro Marielle Franco, em pleno exercício de seu mandato pelo Partido Socialismo e Liberdade–PSOL. De antemão, Macalé revelou a Lessa qual seria a contrapartida para a realização da execução: ambos “ganhariam” um loteamento a ser levantado nas imediações da rua Comandante Luís Souto, Tanque, Rio de Janeiro. Os pormenores que cercam essa promessa de recompensa serão trazidos à baila em conjunto com a motivação.
Primeiro encontro com os irmãos Brazão em hotel
Ao vislumbrar uma boa oportunidade de negócio e se desgarrar da imagem de ser um mero sicário, Ronnie Lessa prontamente aceitou, de modo que Macalé o levou, mediante a intermediação de Robson Fonseca, vulgo “peixe” ou “peixão”, assessor pessoal e outrora assessor de Domingos Brazão na Alerj e no Tribunal de Contas do Estado, para a primeira reunião do enlace, que aconteceu nas imediações do então Hotel Transamérica, situado na Barra da Tijuca.
Infiltrado no Psol
Ali Domingos Brazão, segundo Lessa, o mais verborrágico da dupla, passou a limpo todo o contexto da demanda e indicou que havia alocado um infiltrado de nome Laerte Silva de Lima nas fileiras do PSOL para levantar informações internas do partido. Segundo Lessa, Domingos lhe relatou, de forma superficial, que Laerte o alertou que Marielle Franco, em algumas reuniões comunitárias, pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia.
Exigência para a execução do crime
Por fim, o último tema da reunião foi a fixação da única exigência imposta pelos mandantes: a execução não poderia se originar da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Conforme narrado por Lessa e detalhado mais adiante, Domingos ressaltou que tal exigência partiu do então Diretor da Divisão de Homicídios da PCERJ, o Delegado Rivaldo Barbosa, fato que, inicialmente, o tranquilizou ante a notória pactuação da garantia de impunidade da ação que lhe foi encomendada.
Origem da arma do crime
Acerca da arma, a única exigência feita a Macalé é que não fosse um revólver. Segundo Lessa, para a consecução do crime bastava que lhe fosse destinada uma pistola. No entanto, para sua grata surpresa, Macalé, em meados de setembro de 2017, e apresentou uma HK MP5, submetralhadora alemã da predileção de Lessa, visto que ele operava com esse tipo de armamento no período em que fora lotado no Batalhão de Operações Especiais — BOPE da PMERJ.
Origem do carro
Para falar acerca da origem do veículo devemos relembrar o capítulo das inferências externadas pelo colaborador Élcio de Queiroz no bojo de suas declarações. De acordo com o que foi apurado, além da encomenda do homicídio de Marielle Franco, Macalé encaminhou a Ronnie Lessa a tarefa idealizada pelo contraventor Bernardo Bello para matar a então Presidente do Acadêmicos do Salgueiro, Regina Celi.
Início do monitoramento de Marielle
Acerca do levantamento de informações e monitoramento de Marielle Franco, Ronnie Lessa destaca que, a princípio, recebera o suposto endereço residencial dela situado à rua do Bispo, Rio Comprido, Rio de Janeiro/ RJ. Com base nessa informação, Ronnie e Macalé, quando este estava disponível, foram a campo estudar e observar todas as peculiaridades atinentes ao local. Inicialmente Ronnie destacou que se tratava de local de difícil monitoramento. Com o passar do tempo, Lessa foi ficando impaciente com a falta de avanço na empreitada e resolveu buscar uma alternativa mais fácil: monitorar Marielle na saída da Câmara dos Vereadores.
Segundo encontro com irmãos Brazão
Assim, Lessa provocou Macalé para que fosse agendada uma nova reunião com os Irmãos a fim de que eles fossem demovidos de tal exigência, sob pena, inclusive, dele desistir de participar do enlace. Deste modo, nas mesmas circunstâncias da reunião anterior, Lessa, Macalé, Domingos, e Chiquinho Brazão se encontraram nas imediações do Hotel Transamérica, na Barra da Tijuca, ocasião na qual foi estabelecido pelos Irmãos que eles não poderiam passar por cima das ordens de Rivaldo. Apesar de frustrado, Lessa não desistiu do negócio.
Quatro vigilâncias feitas sobre a vereadora assassinada
Neste ínterim, durante as investigações encetadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), o Núcleo de Inteligência Policial identificou quatro potenciais vigilâncias sobre a Vereadora Marielle Franco, dada a proximidade observada entre o veículo GM/Cobalt, placa KPA-5923, e a vítima, nos dias 1º, 02, 07 e 14 de fevereiro de 201.
Participação de Major Ronald
Todavia, ao atender o telefone, Macalé se surpreendeu ao constatar que o interlocutor, na verdade, era Ronald Pereira, vulgo Major Ronald. Em que pese isso, Macalé indicou a Lessa que Ronald lhe passara a informação de que na noite daquele dia haveria o evento na Casa das Pretas e que Marielle Franco estaria presente. Depois de receber tal informação sobre a presença de Marielle no evento a ser realizado na Casa das Pretas, Ronnie contata Écio por meio do aplicativo Confide e o convoca para a execução.
Assassinato
Foram diretamente para a Casa das Pretas. Uma vez no local, permaneceram em vigilância até o final do evento, ocasião na qual, visualizado o embarque de Marielle no GM/Ágile conduzido por Anderson Gomes, Élcio o seguiu até a esquina das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, local no qual Ronnie efetuou os disparos que vitimaram a Vereadora e o motorista. Em fuga, a dupla se dirigiu até a casa da mãe de Ronnie Lessa, onde abandonaram o GM/Cobalt e solicitaram, por intermédio de Denis Lessa, irmão do executor, um táxi que os levou até as imediações do Vivendas da Barra, local no qual a dupla embarcou no veículo de Lessa e seguiu rumo ao Resenha para acompanhar o restante do jogo do Flamengo x Emelec que estava sendo transmitido naquele dia.
Do ICL Notícias.
Veja a íntegra do relatório final da PF AQUI.
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