Os números da eleição para presidente da Assembleia Legislativa ocorrido nesta quarta-feira (13) revelaram a fragilidade da base política do governo, que muitos imaginavam sólida. Seus articuladores foram surpreendidos por um movimento que quase “mela” a reeleição da principal aliada do governador Carlos Brandão (PSB), a presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB). Imaginava-se que ela seria reconduzida ao comando da Casa com tranquilidade e acabou vencendo pelo critério da idade após empatar em 21X21 com o deputado Ohtelino Neto (SD), no primeiro e segunda escrutino, vencendo apenas pelo critério da idade.
Foi um movimento muito silencioso, cegou o comando político que não conseguiu identificar a articulação secreta em que parte da bancada que dá sustentação ao governo se rebelou contra a orientação do Palácio dos Leões e votou no principal adversário do governo, o deputado Othelino, num claro indicativo de que o chefe do Executivo estadual possui uma base pouco confiável, sendo que parte dela externou sua contrariedade com o tratamento que vêm recebendo. A votação secreta facilitou o que muitos queriam dizer mas faltava coragem. Pelo menos 16 parlamentares tidos como aliados, mostraram essa insatisfação votando em Othelino.
O movimento foi articulado de forma a não deixar nada vazar, passou despercebido dos articuladores palacianos. Nenhum deputado deixou escapar o que estava sendo arquitetado. A presidente Iracema Vale foi surpreendida, pois as previsões indicavam que poderia ter cerca de 35 dos 42 votos, mas acabou empate, o que revelou a vulnerabilidade da base governista, até então considerada sólida, fiel e obediente às orientações dos Palácio dos Leões. Diante do que se viu foram muitas as especulações, sendo a mais frequente a insatisfação com o tratamento da presidência da Casa e do governo.
É comum em conversas informais com jornalista alguns parlamentares reclamarem do tratamento recebido apesar do apoio a tudo que o governo manda para ser aprovado pelo legislativo, mas foi a primeira vez que parte da bancada se rebela e manda recado a Brandão, sinal de que a insatisfação começa a incomodar, pois o movimento de rebeldia de parte dos parlamentares aproveitando um momento tão importante para o Poder Legislativo, sem deixar o menor rastro que pudesse ser detectado, é sinal que a insatisfação chegou ao limite.
A tese de uma medição de força entre aliados do ex-governador e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, com o governador Carlos Brandão, também foi muito especulada nos bastidores, mas tudo indica que os rebelados aproveitaram a eleição para dizer ao governador que precisam vistos como aliados e não como “vaca de presépio”.
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