
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentações financeiras suspeitas em entidades ligadas ao setor pesqueiro que envolvem diretamente o deputado estadual Edson Cunha de Araújo (PSB-MA), segundo reportagem da Revista Oeste.
Principais pontos da investigação
De acordo com os relatórios do Coaf, entre maio de 2023 e maio de 2024, Edson Araújo, que é presidente licenciado da Federação de Pescadores do Maranhão (Fecopema), recebeu R$ 5,4 milhões em repasses de sua própria federação — valores considerados “fora do padrão”.
O foco da investigação inclui a Confederação Brasileira dos Pescadores e Aquicultores (CBPA), que, segundo o Coaf, movimentou R$ 410 milhões em uma única conta entre maio de 2024 e maio de 2025 — muito acima do que havia sido declarado.
Há indícios de que parte desses valores tenha sido redirecionada para empresas de fachada, como a Home Staff (sediada em São Paulo), para a Titanium Pay e para a Arpar Administração Participação.
O Coaf aponta ainda que tais transações podem configurar lavagem de dinheiro, já que o tipo e a frequência das operações não correspondem ao perfil operacional dessas empresas.
Outros elementos da rede
A Arpar Administração é citada como possível instrumento para ocultação de valores.
A CBPA também emitiu notas fiscais para empresas como a Pagglo Serviços Financeiros Digitais (e-book) e uma gráfica — somando cerca de R$ 14 milhões em três anos.
Em colônias de pesca pelo Brasil, como no Amapá e no Pará, foram registradas movimentações atípicas: no Amapá, por exemplo, depósitos de centenas de milhares de reais foram feitos na conta de uma dirigente que, por sua vez, usou o dinheiro para pagar despesas pessoais.
Além disso, a investigação coincide com outras denúncias no setor: o INSS estaria pagando seguro-defeso (benefício para pescadores) a registros de pescadores questionáveis, e auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontaram quase 50 mil cadastros sem comprovação de atividade pesqueira no Maranhão.
CPMI do INSS: Edson Araújo é convocado
A CPMI do INSS aprovou sua convocação como investigado e autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal. No âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quinta-feira (13), a PF apreendeu uma grande quantia em dinheiro vivo na residência do parlamentar.
O agravamento do caso levou o PSB a abrir um processo disciplinar contra Araújo, depois de ele ter ameaçado o vice-presidente da própria CPMI, deputado Duarte Júnior (PSB-MA).
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