
O escândalo que atinge a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) chegou de vez ao Maranhão. O deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA), vice-presidente da entidade, entrou no centro das investigações após a descoberta de transferências que somam cerca de R$ 5 milhões feitas pela confederação ao seu nome.
A revelação foi exposta durante a CPMI do INSS, na segunda-feira (3), em sessão que terminou com a prisão em flagrante do presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira, por falso testemunho. O juiz Francisco Renato Codevila, da 15ª Vara Federal do Distrito Federal, entendeu que Lincoln ocultou informações e se contradisse diante dos parlamentares. Na madrugada desta sexta-feira (7), o magistrado homologou a prisão, fixou fiança de R$ 5 mil e determinou a abertura de um novo inquérito para aprofundar o caso.
As investigações já vinham avançando no âmbito da Operação Sem Desconto, que apura um esquema de descontos indevidos aplicados a benefícios previdenciários. Sob comando de Abraão Lincoln, a CBPA protagonizou um salto considerado “fantasma” no número de filiados: de apenas 4 nomes para 757 mil cadastrados entre 2023 e 2025 — incluindo cerca de 40 mil pessoas já falecidas usadas como “associadas”.
O suposto esquema teria movimentado R$ 221 milhões em mensalidades descontadas diretamente dos beneficiários do INSS — cerca de R$ 10 milhões por mês. Parte desse montante, segundo os documentos da CPMI, teria sido canalizada para o deputado maranhense.
No depoimento, o advogado de Abraão Lincoln, Emmanoel Campelo, orientou o cliente a não assumir compromisso de testemunha, alegando direito ao silêncio. Ainda assim, Lincoln respondeu a algumas perguntas e acabou agravando a situação ao sustentar versões consideradas falsas pela autoridade judicial.
Com o novo inquérito encaminhado à Polícia Federal, o foco agora recai sobre as movimentações financeiras e a relação direta entre o presidente da entidade e Edson Araújo.
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