7 de nov. de 2022

No Maranhão, faxineira é dona de empresa de armas que movimentou R$ 15 milhões

Quem vê o carregador Clayton Batista da Silva, 45, transportando frutas e verduras em um carrinho de mão pelo bairro Mercadinho, região central de Imperatriz (MA), não imagina que ele conste como dono de duas empresas de armas e munições que movimentaram cerca de R$ 3,5 milhões em cinco anos.

Até março deste ano, nem ele mesmo imaginava.

Silva, diz a polícia, tomou conhecimento da existência das empresas em seu nome somente quando a Polícia Civil e o Ministério Público do Maranhão deflagraram operação contra organização criminosa suspeita de despejar cerca de 60 toneladas de munição no mercado ilegal do Norte e Nordeste do país.

O grupo, segundo aponta investigação iniciada em 2019, seria supostamente liderado pelos irmãos gêmeos Wander e Wanderson Israel Batista Carvalho, 35, com a participação de um sargento do Exército e de um representante regional da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos).

O suposto esquema utilizava, segundo a investigação, oito empresas (sendo sete de munição) abertas em nome de laranjas para aquisição de armas e munições de forma legal –inclusive junto à CBC, dona da Taurus– que acabavam repassadas ao mercado clandestino.

O material, comercializado a preço bem mais alto que o praticado, chegava aos pontos de venda de ao menos três estados –Maranhão, Piauí e Pará– em caminhões com fundo falso, formando, segundo polícia e Ministério Público, um dos maiores comércios ilegais de armas de fogo e munições do país.

Silva é uma das cinco pessoas que tiveram os dados usados pelos gêmeos para abertura das empresas de fachada, aponta a investigação. Na lista dos supostos laranjas está ainda Francisca Maria Gomes de Morais, 61, que, embora tenha salário estimado em R$ 300 mensais como faxineira, comprou mais de R$ 15 milhões em produtos controlados, entre 2018 e 2020, com a empresa Cangaço Materiais para Caça.

Ao contrário de Silva, que desconhecia as empresas em seu nome, Francisca tinha conhecimento da situação, segundo a polícia. Tanto que foi presa em 2017 durante operação do Exército e da Polícia Civil em uma loja de armas que pertence aos irmãos Carvalho.

Na operação de março deste ano, a faxineira tentou fugir de casa ao perceber a chegada de equipes da polícia e do Ministério Público. Teria pulado o muro dos fundos para esconder documentos e celulares na casa do vizinho -que avisou as autoridades e o material acabou apreendido.

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